A building that reflects me, by Catarina Martins – Architect
2023
[Text in Portuguese]
Na complexidade da pergunta direcionada ao ‘eu’, o edifício que melhor me descreveria vai de encontro à robustez que nos une enquanto espécie, na presença de todos os ofícios, malefícios e virtudes.
Foram três os edifícios que o meu coração de arquiteta me trouxe à mente, mas um fator importante que os une: um invólucro simples, onde no interior a luz surpreende.
Frank Lloyd Wright, Johnson Wax Headquarters | Tadao Ando, Church of Light | Jørn Utzon, Bagsværd Churchm
E não é assim com todos nós? Já Platão descreve na sua Alegoria da Caverna que o entendimento do Homem se faz na quebra dos grilhões que nos confinam o pensamento, que sai de uma caverna rude e dura para o exterior colorido e racional – iluminado. O Homem entende a sombra como uma consequência da luz, e esta constatação é tão física como filosófica.
Entra o arquiteto e gera-se o traçar de um novo caminho da descoberta, onde o Homem não sai de uma caverna e sim entra num espaço toldado pelo pensamento criativo e técnicas construtivas cravadas no tempo da sua ação. O Homem perfura o edifício com o seu caminhar, e ‘aí’ vê a luz.
Tadao Ando, Church of Light,1989 | Photography © Masaru Tezuka – interactiongreen.com
Tadao Ando, Church of Light,1989 | Photography © Mitsuo Matsuoka – arquitecturaviva.com
O Homem, em si, é um espaço por descobrir. Quão diferente é a experiência de nos conhecermos uns aos outros – e a nós mesmos -, da experiência trazida por um edifício que se mostra na sua morfologia externa, mas se revela na sua luz interior?
Frank Lloyd Wright, Johnson Wax Headquarters 1939
Frank Lloyd Wright, Johnson Wax Headquarters 1939
A modulação do espaço e do ‘não espaço’, a maestrização de sensações e o engenho quase molecular da plasticidade da luz fazem do produto desta disciplina poder ser uma grande forma de poesia, que na sua experiência poucas palavras estão à sua altura.
Jørn Utzon, Bagsværd Church,1976 | Photography © Erik Christensen
Jørn Utzon, Bagsværd Church,1976 | Photography © Flick user: seier + seier -archdaily.com.br
Se a arquitetura é luz e descoberta, arquitetura és tu e sou eu.