Modular construction as a lifeline with Rodrigo Sampayo in Visão magazine
06.06.2023
It is easier to hire labor for a factory than for a construction site, and modular construction is also faster.
At the beginning of the year, as part of the “More Housing” package, the Government announced the construction of 420 modular homes in Lisbon and Porto. The goal was to “make land or buildings available under a housing development contract, to be granted to cooperatives and the private sector to develop affordable housing.”
There is no doubt that 420 houses are better than nothing, but it’s still just a drop in the ocean. And let’s not fool ourselves into thinking that modular construction can suddenly be the salvation for the housing crisis in Portugal. Although it is an interesting alternative, especially for convenience-based hotel projects, modular construction has several weaknesses.
First: it’s difficult to personalize anything, which means it’s a good option for Soviet-style neighborhoods all the same, with no differentiation. Second: it requires a large and complex construction site, meaning you need a manufacturing facility to build the modules efficiently. Third: from an ecological footprint standpoint, I believe it has a higher impact, since transporting modules would require a large number of trucks, which are not known for sustainability.
Lastly, in its favor: it is easier to hire labor for a factory than for a building site, and modular construction is undoubtedly faster. But remember, this isn’t easy to implement on just any terrain topography can greatly impact efficiency (e.g., in Lisbon, a city of many hills).
But modular construction isn’t the only false solution in this package. Let’s look at the decision to shift architectural project approval to the authors themselves.
First of all, it’s worth noting that until now, such approval involved a declaration of responsibility. But this is merely a civil document, with little legal weight. So what changes? From now on, the architect will be criminally or civilly responsible for the technical and legal compliance of the project, which should simplify licensing processes and, in theory, elevate the profession.
This has been advocated in recent years and makes sense. Because it makes more sense for architects to take legal responsibility, and the municipality simply supervises in the end, approval depends on the executor, and non-compliance is avoided.
But we’re talking about a country where being an architect is poorly paid. And when signing a liability statement, architects put their professional lives at risk. After all, if we are going to assume criminal responsibility for legal compliance, we’ll be much more assertive. And this market demands more competitiveness. The architectural market will only improve if this increased responsibility leads to better compensation and recognition. But many doubt this will happen effectively, especially if malpractice is not penalized and architects end up losing power without gaining value.
This also brings us to the need to standardize the BIM format for project submissions. It seems like a good innovation, but implementation will be difficult. In our case or rather, the company I work for, which operates 100% in BIM no adaptation is necessary. But this is not true for the majority of the market. If we were already in a BIM-based industry, we would be using these products meaningfully. Right now, they don’t yet translate into added project value.
This is another problem with generalizations. Many small-scale projects are developed in areas where such rigor makes no sense, as they are subject to municipalities that have no planning and show little interest in architecture. But that doesn’t mean BIM shouldn’t be applied there too.
Source: Visão

A construção modular como tábua de salvação com Rodrigo Sampayo
É mais fácil contratar mão de obra para uma fábrica do que para uma obra, além de a construção modular ser mais rápida.
Foi no início do ano e a propósito do pacote Mais Habitação que o Governo anunciou a construção de 420 casas de construção modular, em Lisboa e no Porto. O objetivo seria “disponibilizar terrenos ou edifícios, em regime de contrato de desenvolvimento de habitações, para poderem ser cedidos a cooperativas e ao setor privado, para desenvolverem habitações a preços acessíveis”.
Dúvidas não haverá de que 420 casas é melhor do que nada mas não deixa de ser uma autêntica gota no oceano. E desenganem-se quem achar que, de repente, a construção modular pode ser a tábua de salvação para o drama da habitação em Portugal. Apesar de ser uma alternativa interessante e essencialmente para projetos hoteleiros de conveniência, por exemplo, a construção modular tem várias fragilidades.
Primeira: é difícil ter qualquer personalização, o que quer dizer que é uma boa opção para a construção de bairros ao estilo soviético, todos iguais e sem qualquer diferenciação. Segunda: obriga a ter um estaleiro de grande dimensão e complexidade, o que significa que é preciso ter uma estrutura fabril para construir os módulos, para que se seja eficaz na construção. Terceira: sob o ponto de vista de pegada ecológica, acredito que tenha um impacto superior, dado que, para transportar os módulos, será necessária uma grande quantidade de camiões TIR, cuja sustentabilidade não é a característica mais forte, como se sabe.
Por último, pontos a favor: é mais fácil contratar mão de obra para uma fábrica do que para uma obra, além de a construção modular ser, sem dúvida, mais rápida. Há que lembrar, porém, que esta não é de fácil implementação em qualquer terreno, onde a topografia pode complicar bastante a eficácia do processo (por exemplo, em Lisboa, cidade de várias colinas).
Mas o tema da construção modular não é a única falsa solução deste pacote. Ora atentemos à decisão de passar a aprovação dos projetos de arquitetura para os autores dos mesmos.
Antes de tudo, é preciso recordar que, até hoje, essa aprovação implicava um termo de responsabilidade. Mas é apenas um documento civil, que não tem grande valor legal. O que muda, então? A partir de agora, o arquiteto responsabiliza-se criminal ou civilmente pelo cumprimento técnico e legal da obra, o que vai simplificar os processos de licenciamento e, em teoria, valorizar a profissão.
É algo que tem sido defendido nos últimos anos e que faz sentido. Porque faz mais sentido: os arquitetos colocam a sua responsabilidade no papel e cabe depois à câmara fiscalizar no final, a aprovação depende de quem executa, e não se verificam incumprimentos.
Mas estamos a falar de um país onde é mal remunerado ser arquiteto. E, porque, quando assinam um termo de responsabilidade, os arquitetos colocam em risco o seu dia-a-dia de livre. Afinal, se vamos assumir responsabilidades criminais pelo cumprimento das leis, vamos ser muito mais assertivos. E esse mercado obriga a ser mais competitivo e o mercado só originará melhores arquiteturas se esse ganho de responsabilidade se traduzir numa valorização dos valores e pagamentos aos arquitetos. Disto têm todos dúvidas e que se que se deve passar de forma eficaz, com penalização de má prática devida, uma vez que se traduzirá numa maior perda de poder, se nada mudar.
Isto também nos leva a uniformizar como os projetos entregues em formato BIM parecem uma boa inovação, mas também será difícil de concretizar. No nosso caso ou melhor, no caso da empresa em que trabalho, que funciona 100% em BIM não haverá qualquer necessidade de adaptação, mas isso só é verdade na maior parte do mercado, tal já vivíamos num mercado onde todos trabalham em BIM, usaríamos estes produtos de forma que, atualmente, não se traduziriam ainda em novos valores dos projetos.
É um outro problema das generalizações. Há muitos projetos, de menor dimensão, e desenvolvidos em zonas onde não faz sentido este rigor, por serem alvos de autarquias que não desenvolvem qualquer tipo de planeamento e que têm um elevado desinteresse pela arquitetura. O que não quer dizer que aí a dita não possa e deva ser aplicada.
Fonte: Visão
